quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Um modelo de liderança viável (parte 1)

Em Êxodo 18, encontramos uma das melhores lições de liderança que a Bíblia registra. Alí, através dos conselhos de Jetro, sogro de Moisés, podemos conhecer qual o modelo de liderança que é mais viável na condução do povo de Deus.

Na primeira parte da passagem, encontramos um modelo de liderança muito utilizado e visto ainda hoje em muitas igrejas de nossa denominação. É o modelo do “líder-faz-tudo”, aquele em que o líder é a pessoa mais capacitada da igreja, possui quase todos os dons espirituais, sabe tocar instrumentos musicais, prega como ninguém, participa das reuniões de todos os departamentos da igreja, é um excelente evangelista, visita hospitais, residências de irmãos e até a penitenciária, e ainda encontra tempo para ser o motorista da igreja nos finais de semana. É construtor, eletricista, encanador, sabe cozinhar e na hora do futebol ainda serve como juiz, e, se algum atleta faltar, é capaz de arriscar a posição de goleiro. Sem ele, a igreja fica paralisada e todos sempre o aguardam para dar a última palavra...

Um estilo de liderança desse tipo, a principio, pode parecer viável, e até espiritual, mas com o passar do tempo revelará perigos e ciladas de enormes proporções tanto para o líder, como para a própria comunidade:

* Favorece o personalismo, dando ao líder o status de imprescindível. Em outras palavras, “sem mim vocês não podem fazer nada”. (Ex. 18:13-16).

* Paralisa a comunidade, tornando os liderados uma massa inoperante e sem iniciativa e ainda inibe o surgimento de novos líderes, pois “se só ele sabe fazer, podemos descansar e ficar esperando as decisões...”(Ex.18:13,14).

* Envolve o líder numa esfera de “superespiritualidade”, tornando-o canal exclusivo da manifestação da vontade de Deus. Observe que a resposta de Moisés traz uma justificativa espiritual para a sua postura centralizadora. Muitos líderes de hoje disfarçam sua liderança centralizadora com argumentos semelhantes: “Deus fala comigo...” (Êx. 18:15)

* Gera sobrecarga para o líder, levando-o a um estresse desnecessário que poderá levá-lo a um colapso físico e emocional: ”Desfalecerás...” (Êx.18:18).

* Desgasta a figura do líder perante os liderados que mais cedo ou mais tarde se cansarão de uma presença tão centralizadora dominando a vida da comunidade: “Que é isso que fazes ao povo?”(Êx.18:14).

Por essas e outras razões, podemos assegurar que o estilo de liderança exercido por Moisés antes da chegada do seu sogro ao acampamento dos hebreus, foi um modelo inviável. Foi inviável naquela ocasião e continua sendo inviável para qualquer comunidade dos dias atuais, podendo trazer prejuízos irreparáveis tanto para quem lidera, como para quem é liderado...

Mas, afinal, qual o modelo de liderança viável para conduzir o povo de Deus? (Confira no próximo boletim)...

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